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Doce Cafeína

Doce Cafeína

24
Ago22

Um conto

Cafeína

Cruzaram marés, aguentaram as tempestades, viveram a chegada da Primavera. Amaram-se intensamente e a vida escreveu que serão eternos apaixonados. Apenas isso.

Agarraram as dores de um amor escondido, vivido por eles, numa linha em que o compromisso nunca chegaria. Antes deles, já existiam "o ele" e o "ela" dele e dela.

Só que ela dizia que largaria tudo para que aquele amor vingasse, ele nunca teve coragem de a escolher. Por amor, ela continuou ao lado dele, sarando as suas feridas em silêncio. Até que ele faria tudo por ela mas ela já estava cansada, tinha entristecido ao longo do tempo.

O caminho inverteu-se. Agora, ele faria tudo por ela mas ela partiu num silêncio que ele não notou.

Cansou-se de partilhar o beijo dele com a mulher dele e ele nunca assumiu que ela era quem o fazia sorrir. Cansada de andar na corda bamba, ela foi embora cansada, triste e desiludida.

Ela não queria mais ser dele enquanto ele partilhasse o corpo dele com outra. Cansada, matou o amor e partiu.

Serão eternos apaixonados.

Apenas isso e só isso.

15
Mar22

No seguimento dos desamores

Cafeína

Ao ler este post "Há (de)samores para a vida?" vieram a mim vários sentimentos e algumas emoções.

É costume dizer-se que quem muito sente, muito ama, muito sofre, mas mesmo sofrendo vive, e que o viver tudo isso se subropõe ao sofrimento e ás aprendizagens que dele retiramos. Será isto verdade? Será que viver uma paixão ou um amor intensamente vale assim tanto a pena? Diria que em alguns casos não. Há amores ou desamores que nos acompanham por anos a fio se não por toda a vida. Porque, por muito que nós nos curemos, por muito ultrapassado que a coisa esteja, a verdade é que há sempre uma mágoa, uma dor, o raio de um lugar, uma estúpida expressão, um cheiro, uma merda qualquer que traz à memória o melhor e o pior do que foi vivido. E então se foi intensamente pior, porque a investida recai em sufocar um sentimento mal resolvido que permanece em existir como se de um castigo se tratasse.

E não, nenhum dos dois segue o caminho a desejar felicidades ao outro! Isso não existe! Na melhor das hipóteses, segue-se a vida com o coração mais calejado, com a alma menos presa e com um menor nó na garganta, mas esquecer de vez...será que acontecerá verdadeiramente?

A vida é uma constante aprendizagem e nem sequer ouso já questioná-la.

 

04
Out21

Fim do fim

Cafeína

Quando vivemos determinadas situações na nossa vida, daquelas que se arrastam e nos fazem sentir encurralados em caixas de cartão, como um peixe em aquário redondo acompanhados de sentimentos incapacitantes e degradantes temos que ter força e tentar ser generosos connosco mesmos. Nem sempre estamos prontos para sair das situações no exato momento em que elas nos machucam. E como crianças que olham o mundo com o encanto da primeira vez, deixamo-nos ir neste degredo interior e psicologico até que nos deparamos com a falta do EU.

E a partir daí se inicia um caminho de retorno ao jardim da nossa alma, de reencontro com o nosso EU que por credibilidade,amor, dedicação (e não temos que nos sentir culpados por nos entregarmos sem defesas) deixámos de lado. Ao longo do caminho, perdem-se as forças, as certezas e levantam-se questões de nós para nós e são essas as mais dificeis e complexas de responder. Acompanha-nos o cansaço e vamo-nos segurando a paredes de compaixão momentânea porque não era suposto matar-nos para viver para outro. Como foi que isto nos aconteceu?

O fim estava sempre á frente. Estava presente, sentido, declarado e caminhando connosco. O fim tornou-se o nosso guia. Porque tinha de ser. Indepedentemente das razões, das circunstâncias. Matámo-nos a cada desconfiança, a cada mentira descoberta ou a cada vez que se fingia acreditar piamente no que era dito. Mataste-me. E não foi da maneira mais fácil. Fui dilacerada a serrote bem devagarinho e a longo prazo numa dor constante e numa noção de fragilidade de que tudo em volta causava no peito, nesse peito que de tanto me arder deixei de sentir.

E no meio do caos, dei a machadada final.

Doeu mas foi uma dor rápida, momentânea e a curto prazo. 

Que não se adiem os fins.

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