Silêncios
Sou uma pessoa que precisa de muitos momentos de silêncio e muitas são as vezes que faço parar o tempo para me encontrar comigo mesma, junto do mar.
E confesso que os meus parâmetros interiores não são todos de acordo com os parâmetros estipulados pela sociedade. Sinto que sou a ovelha negra de um rebanho enorme.
E hoje estou aqui para partilhar algo que tenho sentido com frequência nestes ultimos tempos: a necessidade em deixar ir.
Ainda me separam uns poucos anos dos meus 40 anos mas sinto uma necessidade enorme de me manter equilibrada com o meu Eu Superior e com o Universo. Talvez seja comum a todas as pessoas mas... eu sinto que me faz falta começar a deixar ir e até sair de cena. Deixar a ir a dor, a mágoa, aquela pessoa que não chove nem molha seja em que medida for. Porque tudo o que não nos acrescenta e nos força a querer manter faz peso e é necessário simplesmente deixar ir.
Dou por mim a ouvir longos desabafos disto e daquilo e permanecer em silêncio sobre todos eles, não porque não saiba o que falar mas porque me desgasta e o silêncio nunca me deixa mal. E eu prefiro retirar-me sabendo que estou em paz e que nada me aborrece ou estraga o dia.
Sinto necessidade da prática do desapego. Sinto necessidade de paz. A palavra é essa mesmo: Paz.
Não se chega a esta conclusão de um dia para o outro, chega-se a esta conclusão quando a determinada altura do caminho se observa a sola dos nossos sapatos e já só vimos os pés, porque a sola, essa já foi. Gastou-se.
Então decidi sentar-me e olhar para dentro de mim e agora não me apetece forçar nada, manter nada, ir atrás de nada.
Estou a descansar à beira da estrada e a estudar as minunciosidades do meu caminho. Preciso saber que terras irei pisar para comprar um novo par de sapatos.