Sonhos dilacerados
Nesta guerra nada faz sentido.
E choca-me profundamente as imagens que nos chegam, de familias separadas, amores separados, impossibilitados de serem vividos. As imagens que me pulsam na cabeça são as de mulheres que saem apenas com a roupa do corpo, muitas delas com os filhos pela mão numa coragem que nem elas percebem e com o medo de nem sequer saber quando e a que horas irão alimentar os seus filhos. Qualquer passo em falso e morrem aos olhos das crianças. Crianças, cujos sonhos foram violentados, destruídos e brutalmente anulados. Não há nada cor-de-rosa naquelas crianças. Tudo é medo e dor.
É uma sensação de impotência e medo de quem vê as imagens pela televisão e certamente será a sensação de morte em vida a das pessoas que vivem tamanho pesadelo.
As filas, os quilómetros, as horas, o frio, a fome, o degradar de uma nação nos olhos de quem é inocente e nada contribuiu para tal terror.
Tudo isto nos tem chocado ultimamente e quer queiramos quer não ninguém é capaz de ficar indeferente. Tenho abraçado tanto os meus filhos ultimamente e cada vez que o faço, apetece-me chorar. Chorar pelas mulheres, pelas crianças e pelas mães. Não sei onde iremos, sei que o medo paira no ar e a instabilidade e ambiente doentio que se faz sentir no mundo a todos nós vai matando aos poucos.