Ponto final
Estive muitos anos presa a uma amizade tóxica. Que me trouxe muitas lições e me mostrou que para tudo há um ponto final.
Depois de tantas conversas, partilhas, desabafos, percebi que ali eu só recolhia tristeza, vazio e angústia. Porque há pessoas que me importam e importam muito e quando assim é, preocupo-me como se fossem do meu sangue e eu preocupava-me. Por outro lado, o desgaste. O desgaste em perceber que eu era apenas a bengala, o bombom, o bocado bem passado no meio das adversidades. Estou aqui para ajudar mas não gosto de me sentir usada e permiti que me usasse conforme as suas necessidades.
Juntando as mentiras que eu sabia que me eram ditas com a falta de confiança que eu já tinha, vi-me num cruzamento em que eu teria que me escolher e deixar ir a outra parte.
E deixei ir. Não sei quem deixei ir, não conheço, não me identifico, mas reconheço que me feriu bastante. Sinto que deixei uma mochila que carregava há muitos anos e senti-me livre, desapegada, solta. Embora triste.
Eu senti que era a minha hora de sair definitivamente.
Abri mão, não me importa mais.
E escolhi-me a mim.