Feridas
Certa vez, em conversa com uma amiga, disse-lhe que comparo certas feridas da alma a uma situação que vivi:
Fiz o caminho a pé até Fátima por quatro anos consecutivos. Recordo que no primeiro ano fiz imensas bolhas nos pés, que eram diáriamente cosidas com uma linha e agulha por uma senhora muito doce que integrava no grupo de peregrinos. Seriam seis dias a caminhar. No terceiro dia, as dores eram tantas que tive receio de não conseguir e ter que desistir mas a minha força de vontade em chegar era muita que com o passar do tempo eu nem sentia mais as dores de tanta dor que eu tinha. E consegui chegar a Fátima.
Certas feridas da alma são assim. Doem tanto que de tanto mexer acabam por nao doer mais.