Tenho lido imenso sobre relações tóxicas e talvez por isso pensei em deixar aqui a minha vivência no que toca a este assunto.
Que fique claro que não vou a atirar as culpas para a outra pessoa apenas, até porque eu também tive as minhas culpas, sendo a mais evidente o último ano e meio em que deixei arrastar a situação.
Apaixonámo-nos um pelo outro de uma forma extremamente intensa e as coisas correram bem durante algum tempo. Sim, tivemos momentos muito felizes e vivências únicas um com o outro. As coisas começaram a descambar quando me apercebi que do outro lado havia uma preocupação com as aparências e com aquilo que se possa descobrir ou saber, e aviso desde já que, quando as pessoas assim são, não há nada a fazer, é batalha perdida. A outra pessoa nunca assumia quando me magoava,feria e até me descartava, deixando várias vezes a porta da relação aberta para eu sair quando assim quisesse. Mas, se porventura eu me afastava ou ele percebesse que eu estaria emocionalmente mais fria e distante ficava triste, aproximava-se e andávamos ali entre uma dependência emocional e um pseudo-amor. Eu, por acreditar que estaria a viver o amor da minha vida e a pessoa em questão por acreditar que, talvez, eu nunca fosse embora.
As coisas tinham que ser feitas do jeito dele, o que eu por amar deixava. Muitas vezes e em muitas das lágrimas trocadas, a outra parte revelava-me o medo que eu me viesse a cansar. Sempre acreditei que iriamos superar as dificuldades e dar a volta a tudo, mas a uma certa altura decidi que no meu silêncio e dor teria que me resgatar novamente e comecei a tirar a pessoa do pedestal... E dói muito tirar quem amamos do pedestal, porque a partir do momento em que isso acontece não há retorno. Tudo daí para a frente é desiluão e mágoa. Estivemos juntos cinco anos e no último ano e meio fiz um caminho solitário do qual a outra pessoa nunca percebeu. Cheguei ao ponto de preparar a minha saída, tive que me recompor e estruturar interiormente quer no que toca à parte emocional, quer à parte mental. Certo dia, e numa discussão saltou-me a tampa e disse tudo o que me veio à cabeça. E imaginem... as coisas não acabaram bem, foram viradas culpas para mim, culpas que não são minhas e a inda levei com a acusação que mais me custou, que foi " agora estás bem e descartas-me"!
A pessoa não percebeu nada, não entendeu o meu caminho, as minhas dores, o meu processo, a minha mágoa e não quis assumir os seus erros nesta história. Disse-lhe várias vezes que estava a ser injusto ao dizer-me que eu estava a descartar, expliquei que não queria voltar a sujeitar-me às mesmas coisas e que não via mais caminho para nós e ele não entendeu.
Questiono-me até hoje se ele ainda não entendeu ou simplesmente lhe feriu o ego quando coloquei um ponto final.
Foi uma história intensa a vários níveis, fiz terapia durante muitos meses tais foram os danos emocionais que causou esta história.
Entre nós a história terminou mas, peço ao Universo que, se for bom para os dois, ainda nos junte apenas para uma conversa tranquila, que nos resolva mas que quebre a inimizade que ficou.