Quando vivemos determinadas situações na nossa vida, daquelas que se arrastam e nos fazem sentir encurralados em caixas de cartão, como um peixe em aquário redondo acompanhados de sentimentos incapacitantes e degradantes temos que ter força e tentar ser generosos connosco mesmos. Nem sempre estamos prontos para sair das situações no exato momento em que elas nos machucam. E como crianças que olham o mundo com o encanto da primeira vez, deixamo-nos ir neste degredo interior e psicologico até que nos deparamos com a falta do EU.
E a partir daí se inicia um caminho de retorno ao jardim da nossa alma, de reencontro com o nosso EU que por credibilidade,amor, dedicação (e não temos que nos sentir culpados por nos entregarmos sem defesas) deixámos de lado. Ao longo do caminho, perdem-se as forças, as certezas e levantam-se questões de nós para nós e são essas as mais dificeis e complexas de responder. Acompanha-nos o cansaço e vamo-nos segurando a paredes de compaixão momentânea porque não era suposto matar-nos para viver para outro. Como foi que isto nos aconteceu?
O fim estava sempre á frente. Estava presente, sentido, declarado e caminhando connosco. O fim tornou-se o nosso guia. Porque tinha de ser. Indepedentemente das razões, das circunstâncias. Matámo-nos a cada desconfiança, a cada mentira descoberta ou a cada vez que se fingia acreditar piamente no que era dito. Mataste-me. E não foi da maneira mais fácil. Fui dilacerada a serrote bem devagarinho e a longo prazo numa dor constante e numa noção de fragilidade de que tudo em volta causava no peito, nesse peito que de tanto me arder deixei de sentir.
E no meio do caos, dei a machadada final.
Doeu mas foi uma dor rápida, momentânea e a curto prazo.
Que não se adiem os fins.